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Vacinas em Transplantados: cuidados essenciais e recomendações

Atualizado em 11/10/2024
Tempo de leitura: 4 min.

A vacinação é uma ferramenta fundamental para a prevenção de doenças infecciosas, mas em indivíduos transplantados, o processo requer considerações especiais. Pessoas que passaram por transplantes de órgãos enfrentam um desafio único devido à imunossupressão necessária para prevenir a rejeição do órgão transplantado. 

Esta imunossupressão aumenta a suscetibilidade a infecções, tornando a vacinação um componente vital do cuidado pós-transplante. No entanto, a escolha do momento e do tipo de vacina deve ser cuidadosamente planejada para garantir a segurança e a eficácia.

Imunossupressão e risco de infecção

Pacientes transplantados recebem medicamentos imunossupressores para evitar que o sistema imunológico ataque o órgão transplantado. Esses medicamentos, embora essenciais, comprometem a capacidade do corpo de combater infecções. 

Como resultado, os transplantados têm um risco aumentado de contrair doenças infecciosas que podem ser prevenidas por vacinas.  Infecções como a gripe, pneumonia, COVID-19 e hepatite B são especialmente preocupantes para esses pacientes, pois podem levar a complicações graves e, em alguns casos, serem fatais.

Vacinas inativadas x Vacinas vivas

Uma das principais considerações ao vacinar transplantados é o tipo de vacina a ser administrada. As vacinas podem ser classificadas em dois grandes grupos: inativadas e vivas atenuadas.

  • Vacinas inativadas: são feitas a partir de organismos mortos ou fragmentos do organismo, que não podem causar a doença. Exemplos incluem a vacina contra a gripe (influenza), a vacina contra a hepatite B, a vacina contra o HPV e as vacinas contra a COVID-19. Essas vacinas são geralmente seguras para pacientes transplantados, pois não há risco de infecção pelo patógeno vacinal.
  • Vacinas vivas atenuadas: Contêm organismos vivos que foram enfraquecidos para não causar a doença em pessoas saudáveis, mas podem representar um risco significativo para indivíduos imunossuprimidos. Exemplos incluem a vacina contra a varicela (catapora), o sarampo, e a febre amarela. Em pacientes transplantados, o uso dessas vacinas é geralmente contraindicado, devido ao risco de a vacina provocar uma infecção ativa.

Calendário vacinal antes do transplante

O ideal é que os pacientes recebam todas as vacinas recomendadas antes do transplante, sempre que possível. Isso se deve ao fato de que o sistema imunológico desses pacientes ainda não estará comprometido pelos medicamentos imunossupressores, permitindo uma resposta imunológica mais robusta e duradoura.

  • Gripe (Influenza): a vacina deve ser administrada anualmente e é altamente recomendada, especialmente durante a temporada de gripe.
  • Hepatite B: a vacinação deve ser completada antes do transplante, especialmente em pacientes que serão submetidos a transplantes de fígado.
  • Pneumococo: protege contra infecções graves, como pneumonia e meningite, que são particularmente perigosas para imunossuprimidos.
  • Varicela: se o paciente não for imune, a vacina deve ser considerada antes do transplante, dado que a varicela pode ser grave em imunossuprimidos.
  • COVID-19: A vacinação completa contra a COVID-19 é altamente recomendada antes do transplante, pois a infecção pelo SARS-CoV-2 pode causar complicações graves em pacientes imunossuprimidos.

Confira o Calendário de vacinação SBIm pacientes especiais – 2023-2024

Vacinação após o transplante

Após o transplante, a abordagem à vacinação deve ser feita com cuidado e sempre sob orientação médica. Geralmente, os médicos recomendam que as vacinas sejam administradas a partir de 6 a 12 meses após o transplante, quando a dosagem dos imunossupressores pode ser reduzida e o sistema imunológico do paciente está mais estável.

Vacinas recomendadas pós-transplante

  • Influenza (Gripe): a vacina anual contra a gripe é essencial para transplantados, pois ajuda a prevenir complicações graves decorrentes da gripe.
  • Pneumocócica: duas doses da vacina pneumocócica são recomendadas para proteger contra infecções pneumocócicas.
  • Hepatite B: em pacientes que não receberam a vacinação completa antes do transplante, a imunização deve ser considerada após o procedimento.
  • HPV: pacientes transplantados podem ter um risco aumentado de desenvolver cânceres relacionados ao HPV, tornando esta vacina importante para aqueles elegíveis.
  • COVID-19: A vacinação contra a COVID-19 é fortemente recomendada para pacientes transplantados. Estudos têm mostrado que, embora a resposta imunológica possa ser menor em comparação com indivíduos não imunossuprimidos, a vacina ainda proporciona uma proteção significativa contra infecções graves. Doses de reforço também são recomendadas para aumentar a imunidade, especialmente devido ao surgimento de novas variantes.

Vacinas contraindicadas

As vacinas vivas, como a da febre amarela, sarampo, caxumba e rubéola (MMR), e varicela, são contraindicadas após o transplante devido ao risco de infecção ativa. Em casos de exposição, tratamentos alternativos, como imunoglobulinas, podem ser necessários para proteger o paciente.

Importância da comunicação com a equipe de cuidado do paciente

A vacinação de pacientes transplantados deve ser coordenada de perto com a equipe de saúde que gerencia o cuidado pós-transplante. Isso inclui não apenas os médicos que supervisionam o transplante, mas também clínicos gerais e especialistas em doenças infecciosas. A comunicação clara e contínua é essencial para garantir que as vacinas sejam administradas no momento adequado e de forma segura.

Além disso, os familiares e cuidadores dos pacientes transplantados também devem manter suas vacinas em dia para criar um ambiente seguro ao redor do paciente, minimizando o risco de exposição a patógenos que podem ser prevenidos por vacinas.

Principais desafios 

A imunogenicidade das vacinas pode ser reduzida em pacientes imunossuprimidos, o que significa que as vacinas podem não oferecer o mesmo nível de proteção que em indivíduos com sistema imunológico intacto. Por isso, é importante monitorar a resposta vacinal, quando possível, através de exames de sangue que avaliam os níveis de anticorpos.

Além disso, novas vacinas e abordagens de vacinação estão em constante desenvolvimento, e os médicos devem se manter atualizados sobre as recomendações mais recentes para transplantados.

A vacinação é uma parte fundamental do cuidado de longo prazo para pacientes transplantados, mas deve ser cuidadosamente planejada e personalizada para cada indivíduo.  

Com uma abordagem informada e coordenada, é possível reduzir significativamente o risco de infecções graves e melhorar a qualidade de vida desses pacientes. 

A comunicação contínua com a equipe de saúde e a conscientização sobre a importância da vacinação são essenciais para garantir que os transplantados estejam protegidos da melhor maneira possível.

SOBRE O(A) AUTOR(A)
Nós somos a Chocair, um grupo de nove médicos especializados em Clínica Médica e Nefrologia, com foco de atuação voltado ao atendimento clínico tanto em ambiente de consultório quanto em internação hospitalar.

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