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Você sabia que existem medicações que podem retardar a piora da função do seu rim, ou até estabiliza-la?

Atualizado em 27/07/2021
Tempo de leitura: 4 min.

O tratamento conservador é uma alternativa para a doença renal crônica (DRC). Entre outras abordagens, são administradas medicações que ajudam a retardar a piora do quadro, ou podem estabilizar as condições clínicas do paciente.

A imagem mostra uma foto de um pote com comprimidos azuis.

Assim como acontece com outros tipos de doença, aquela que afeta a função dos rins também pode ser tratada por meio de medicações. Em alguns casos, a terapia farmacológica faz parte do tratamento conservador da doença renal crônica.

Uma vez instalada a doença renal, o objetivo do tratamento é evitar sua progressão, minimizar os sintomas, além de evitar que problemas secundários se manifestem por causa da perda da função renal, como a anemia.

Boa leitura!

Sobre a doença renal crônica

A doença renal crônica (DRC) é uma condição que leva à perda gradativa da função dos rins. Com isso, além da elevação de algumas toxinas no corpo (aquelas que o rim eliminaria na urina), pode ocorrer inchaços e redução de alguns hormônios dependentes da função normal dos rins.

Os rins são órgãos vitais, por isso, seu funcionamento inadequado traz diversas complicações para a saúde. Ou seja, quando há uma perda grave das suas funções, existe o risco de vida para o paciente.
Diversos problemas podem levar ao desenvolvimento da doença renal crônica, como infecção urinária de repetição, pedras nos rins, algumas doenças reumatológicas e outras doenças sistêmicas crônicas, como pressão alta e diabetes, sendo estas duas as mais importantes causas de disfunção renal no Brasil e no mundo. Outras causas são: cistos hereditários e doenças inflamatórias primárias do rim.

Normalmente quando falamos em doença renal crônica, o acometimento é dos dois rins. De acordo com o Ministério da Saúde, a estimativa é de que cerca de 10% da população mundial conviva com esse problema. Mas não são todos os casos que exigem de imediato a realização de diálise. Isso porque é possível realizar o tratamento conservador, se o problema for identificado nas fases leve a moderada.

Tratamento conservador da doença renal crônica

A doença renal crônica é um problema que ainda não pode ser curado. Quando o indivíduo não recebe o devido tratamento, a tendência é que a função dos rins piore gradativamente, culminando muitas vezes em necessidade de diálise ou transplante renal.

Em muitos casos, especialmente naqueles em que a disfunção renal é identificada de forma precoce, é possível adotar uma série de medidas que retardam a progressão da disfunção renal.

O tratamento conservador envolve uma série de abordagens que estão relacionadas com adequações na alimentação, a eliminação de hábitos nocivos (como o tabagismo) e a administração de medicamentos. Eles vão contribuir com o funcionamento dos rins e também controlar condições clínicas que podem afetar ainda mais esses órgãos.

O tratamento conservador visa, ainda, promover um alívio dos sintomas que são causados pela doença renal crônica. Além disso, estabilizando as funções orgânicas, conseguimos evitar as complicações decorrentes desse problema, como o acúmulo de toxinas e líquidos e as alterações do pH sanguíneo.

Tratamento conservador da doença renal crônica

A doença renal crônica não é um problema que se inicia de repente. Como você viu, é decorrente de diversas condições que afetam os próprios rins ou o organismo de um modo geral. Sendo assim, sua evolução no geral é lenta, então, quando descoberta a tempo, é possível fazer o tratamento conservador.

O tratamento deve ser individualizado de acordo com o grau de disfunção renal, a idade, as doenças crônicas presentes e as possíveis complicações já em curso.

Os medicamentos utilizados para tratar a pressão arterial e a glicemia (açucar no sangue) são algumas das medicações que podem ser utilizadas no contexto da doença renal. Os ditos anti-proteinúricos (aqueles que evitam a perda de proteína na urina) podem ser primordiais em determinadas fases da doença para evitar sua progressão. São exemplos de anti-proteinúricos: os inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECAs) e os bloqueadores dos receptores de angiotensina II (BRA) e, mais recente, os inibidores do co-transportador sódio-glicose no túbulo renal (iSGLT2). Essas medicações são chamadas nefroprotetoras mas devem ser utilizadas apenas com acompanhamento médico.

No curso da doença renal, pode haver também problemas nutricionais, como redução dos níveis de vitamina D e cálcio no sangue, junto com o aumento da quantidade de fósforo. Além disso, pode ocorrer elevação da produção de alguns hormônios e da quantidade de potássio no sangue.

Alguns pacientes desenvolvem, ainda, anemia. Assim, pode ser necessário fazer a suplementação com ferro e hormônios para controlar esse quadro. Os diuréticos também são utilizados, a fim de minimizar o inchaço.

Como você pode ver, existem diversas opções medicamentosas, que devem ser pensadas caso a caso. É válido ressaltar que quando controlamos as condições clínicas da pessoa, como mantendo a pressão arterial em equilíbrio, automaticamente beneficiamos os rins. Porque embora seu mau funcionamento leve à manifestação de problemas, esses problemas fazem o caminho de volta, afetando o funcionamento desses órgãos.

É por isso que identificar a doença renal crônica ainda no começo é muito importante. Dessa forma, é possível realizar essas intervenções medicamentosas que vão controlar sintomas, equilibrar as funções orgânicas e minimizar a sobrecarga renal, para que o problema não evolua tão rápido ou se mantenha estável por muitos anos.

SOBRE O(A) AUTOR(A)
Dra. Alessandra Martins Bales CRM SP 139465, possui título de especialista em nefrologia pela sociedade brasileira de nefrologia e é membro da Chocair Nefrologia e Clínica Médica do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
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