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As nefrites têm tratamento?

Tempo de leitura: 5 min.

A nefrite é a lesão por inflamação que acomete os glomérulos ou o interstício renal. 

A imagem mostra a ilustração de uma inflamação nos rins, a nefrite.

Glomérulos são as estruturas renais responsáveis pela filtração do sangue. O rim pode ser resumidamente considerado um órgão composto por aproximadamente 1 milhão de glomérulos organizados em uma estrutura arquitetural com funções biológicas específicas, o interstício. A urina primitiva filtrada nos glomérulos, ou ultrafiltrado, é aprimorada, diluída ou concentrada nos túbulos renais. 

As glomerulonefrites podem ser causadas por fatores autoimunes primários, doenças reumáticas ou serem secundárias a doenças diversas, de infecciosas a hematológicas. As nefrites que acometem o interstício renal costumam ser causadas por efeito colateral de alguns medicamentos, algo como uma reação alérgica.

A glomerulopatia é uma doença que atinge os glomérulos. Essas estruturas são encontradas nos rins e responsáveis por fazer uma ultrafiltração do plasma sanguíneo. Esse tipo de problema é mais conhecido como nefrite. 

Fazer o diagnóstico e tratamento correto das glomerulopatias é essencial porque com o passar do tempo elas podem evoluir para doença renal crônica, prejudicando o funcionamento dos rins. Eventuais atrasos de diagnóstico podem reduzir as chances de um tratamento eficaz com repercussões sérias no longo prazo.

Você sabe como esse tratamento é feito? Continue lendo para descobrir, e ainda aprender um pouco mais a respeito da glomerulonefrite.

O que é glomerulonefrite?

A glomerulonefrite é um processo inflamatório que acomete os glomérulos, estruturas encontradas nos rins e que são responsáveis por filtrar o sangue e produzir a urina. Existem diferentes classificações para as glomerulonefrites quanto a suas causas e tempo de evolução: primária, secundária, aguda e crônica. 

Glomerulonefrite primária

A glomerulonefrite primária é aquela que acomete de forma direta o glomérulo, uma doença específica do rim. Geralmente essa patologia é provocada por alterações no sistema imunológico especificamente no rim.

Diversas doenças distintas em causa, comportamento, prognóstico e tratamento podem causar sintomas e sinais muito similares, o que impede um diagnóstico preciso apenas pelos sintomas. Estatisticamente falando, a glomerulopatia mais comum é a Nefropatia da IgA (também conhecida como doença de Berger). Os sintomas mais comuns são: sangramento urinário (visível ou em exame de urina), inchaço, hipertensão e piora da função renal em exames de sangue.

Glomerulonefrite secundária

As glomerulopatias classificadas como secundárias são aquelas que ocorrem de maneira associada com outras doenças clínicas, como:

  • hepatites do tipo B e C;
  • diabetes;
  • hipertensão arterial;
  • lúpus eritematoso;
  • Doenças reumáticas;
  • Doenças hematológicas
  • infecção por HIV.

Ou seja, nesse caso a inflamação não se inicia diretamente nos glomérulos, mas é consequência uma doença sistêmica que pode acometer outros órgãos inclusive. A doença mais comum a causar acometimento glomerular é o Diabetes.

Existe, ainda, a glomerulonefrite pós-infecciosa, mais comum em crianças. Ela ocorre após infecções por micro-organismos que atingem qualquer parte do corpo, servindo como um gatilho para a reação do sistema imunológico. A glomerulonefrite pós-estreptocócica, classicamente associada a faringites e amigdalites, é um bom exemplo.

Glomerulonefrite aguda e crônica

A glomerulonefrite classificada como aguda geralmente tem uma causa inflamatória, com quadro clínico mais intenso e de curta duração.

Já nos casos de glomerulonefrites crônica temos uma evolução mais insidiosa, às vezes de anos até que seja detectada. Infelizmente não é incomum que as glomerulopatias crônicas sejam detectadas apenas quando o rim já está perdido.

Quais são os sintomas da glomerulonefrite? 

A glomerulonefrite aguda costuma ter sintomas relevantes que levam o paciente ao médico rapidamente. Nas formas mais crônicas os sintomas podem ser mais insidiosos. Os sinais e sintomas que devem chamar a atenção para uma possível doença glomerular são:

  • alta da pressão arterial;
  • inchaço nos olhos;
  • inchaço nas pernas;
  • retenção de líquido com aumento de peso;
  • presença de sangue na urina;
  • concentração de proteína na urina;
  • cansaço;
  • fraqueza;
  • anemia;
  • indisposição. 

A presença de sangue ou proteína em exame simples de urina (urina tipo I) deve SEMPRE ser valorizada e requer avaliação médica para doenças glomerulares.

Pacientes portadores de condições médicas ou usuários de medicações que sabidamente estão associadas a acometimento renal devem ser ativamente avaliados para glomerulopatia. Citamos como exemplos importantes: diabéticos, hipertensos, portadores de doenças reumáticas, usuários de anticonvulsivantes, lítio ou antirretrovirais, entre tantos outros exemplos.

Como a glomerulonefrite é diagnosticada? 

Um dos aspectos mais angustiantes para o nefrologista é constatar que um exame simples, barato e de disponibilidade praticamente universal é o maior aliado no diagnóstico das doenças glomerulares: o exame de urina simples ou urina tipo I.

Todo paciente, independente de sintomas, deve ter um exame de urina coletado em avaliações médicas para rastreamento (check-up) ou dentro da avaliação habitual de doenças comuns como hipertensão e diabetes.

Todo paciente que apresenta os sintomas supracitados, em especial edema, deve ter sua urina avaliada. 

Todo paciente com elevação de creatinina, representando piora da função renal, deve ter sua urina avaliada para possível causa glomerular. 

Uma vez feita a hipótese de glomerulopatia é muito comum que o nefrologista lance mão de um exame extremamente valioso para o diagnóstico preciso e tratamento adequado, a biópsia renal. Este procedimentos é feito por agulha usando um ultrassom e já foi tema de um texto nesta página.

Quais são as opções de tratamento da glomerulonefrite? 

O maior desafio para o tratamento de uma glomerulopatia é o diagnóstico preciso.

Como você viu, a glomerulonefrite pode prejudicar a função renal com o passar do tempo. Sendo assim, é essencial o seu diagnóstico correto o quanto antes para iniciar o tratamento, evitar o comprometimento dos rins e a progressão para doença renal crônica. 

O tratamento pode ser simples como a adequação do uso de medicamentos ou mesmo apenas a observação sem tratamento específico. 

Todavia a abordagem é diferente quando se trata das glomerulonefrites de comportamento mais agressivo. Nestes casos a abordagem pode inclusive envolver o uso de medicamentos com ação anti-inflamatória e de imunossupressores para minimizar a resposta do sistema imunológico, além de outras medicações conforme a necessidade e a característica do quadro. 

O que acontece se a glomerulonefrite não for tratada? 

Como explicamos, uma das consequências da glomerulonefrite é a evolução para a doença renal crônica, com perda dos rins e eventual progressão para necessidade de diálise. No curto prazo as doenças glomerulares podem gerar edema importante e outras repercussões potencialmente graves. 

É possível prevenir a glomerulonefrite? 

A glomerulonefrite primária e aguda, por motivos acima expostos, costuma ser uma doença agressiva e portanto não prevenível, enfatizando-se a importância de um diagnóstico ágil e competente.

Nas doenças crônicas como hipertensão e diabetes o acometimento glomerular pode sim ser prevenido com um tratamento eficiente e baseado em metas rigorosas de controle de pressão, glicemia e medicações específicas.

Como as infecções desencadeiam a glomerulonefrite, é preciso ter uma atenção especial para aquelas que atingem a garganta, ainda mais sendo originadas por estreptococos. A proteção nas relações sexuais também é uma forma de cuidar dos rins, pois evita as hepatites, a sífilis e o HIV. 

Prefira evitar a automedicação e tenha cuidado com os tipos de medicamentos que são ingeridos. Convém esclarecer todas as dúvidas com o médico e buscar alternativas que não causem muitos prejuízos para os glomérulos, utilizando sempre conforme a orientação do especialista, dentro da medida receitada, respeitando a concentração e o tempo de tratamento.

Na presença de qualquer sintoma é muito importante procurar a ajuda de um especialista. Fazer um checkup médico também ajuda a identificar alterações no começo. Associando tudo isso às medidas preventivas, você vai evitar não só a glomerulonefrite, mas ainda outros problemas renais.
SOBRE O(A) AUTOR(A)
Dr. Erico Oliveira CRM SP 104310, possui título de especialista em nefrologia pela sociedade brasileira de nefrologia e é membro da Chocair Nefrologia e Clínica Médica do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
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