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Qual a relação entre Obesidade e Síndrome metabólica?

Atualizado em 27/07/2021
Tempo de leitura: 5 min.

A obesidade é uma doença que tem como característica o acúmulo excessivo de energia sob a forma de gordura no corpo humano. Ela pode se distribuir de forma homogênea ou se concentrar em uma determinada região, além de ter causas diversas e receber classificações distintas.

Às alterações metabólicas deletérias associadas a obesidade dá-se o nome de Síndrome Metabólica.

O que é obesidade?

O organismo naturalmente precisa acumular energia. O excesso de alimentos é uma condićão recente na história da humanidade e nosso corpo é adaptado há milênios a economizar e acumular a maior quantidade de energia obtida dos alimentos, considerando que a regra da condição humana foi a escassez e a fome.

Obesidade é o nome da doença que ocorre quando a gordura abdominal se concentra em quantidades maiores do que aquelas necessárias para o funcionamento normal, saudável, do organismo. Há um acúmulo de energia superior ao gasto energético sob a forma de gordura. Quando em excesso, a gordura tem a capacidade de gerar alterações metabólicas fortemente associados a outras doenças crônicas.

É fundamental compreender que a obesidade não é um fator de risco mas sim uma doenća por si só. Obesidade é uma doença crônica e deve ser assim interpretada para que se entenda que seu tratamento também é prolongado. Deve se considerar as doenças associadas à obesidade como sintomas dela para que se compreenda que não se trata diabetes no obeso sem tratar a obesidade, por exemplo.

Existem tipos de obesidade?

A gordura pode acumular de diferentes formas no organismo, por isso, a obesidade recebe classificações distintas, começando pelo seu grau. Ele varia de acordo com o Índice de Massa Corpórea (IMC), que ajuda a definir se uma pessoa está ou não obesa. A definição de obesidade é arbitrária e objetiva.

É calculado com base na relação entre a altura e o peso, considerando também sexo e faixa etária. Pessoas com um índice acima de 30 são consideradas como obesas.

obesidade do grau 1 ocorre quando o IMC do indivíduo está entre 30 e 34,9 quilos por metro quadrado (kg/m²).

obesidade do grau 2 ocorre quando o IMC do indivíduo está entre 35 e 39,9 kg/m².

obesidade do grau 3, também chamada de obesidade mórbida, ocorre quando o IMC é igual ou superior a 40 kg/m².

Outra classificação da obesidade, conforme citamos, é de acordo com a distribuição do tecido adiposo no corpo.

Na obesidade abdominal a gordura está depositada principalmente no abdômen e no tórax. Ela também é chamada de obesidade androide, e faz o corpo da pessoa se parecer com o formato de uma maçã.

Na obesidade periférica o corpo fica em formato de pera, com a gordura acumulada principalmente na região dos quadris, nas nádegas e nas coxas. Esse tipo é mais comum em mulheres e também é chamado de ginecoide.

Na obesidade homogênea a gordura não fica localizada em apenas uma área do corpo. O peso excessivo se distribui tanto na região superior quanto inferior, e nem sempre ela provoca assimetrias na aparência. Por isso a pessoa pode se habituar com o seu volume corpóreo, mas continua havendo risco de complicações.

Hoje se sabe que a obesidade abdominal, definida pela medida da circunferência abdominal, tem maior associação com síndrome metabólica e risco de diabetes do que o peso isoladamente.

A circunferência abdominal normal é de < 80cm para mulheres e < 90cm para homens. A maior faixa de risco está nas medidas acima de 88cm para mulheres e 102cm para homens.

Para medir sua circunferência abdominal, é importante posicionar a fita métrica no ponto médio entre as duas últimas costelas e a parte superior do osso ilíaco. Se você não sabe onde ele se localiza, basta passar a fita na altura do umbigo, envolvendo todo o diâmetro do corpo nessa região.

A síndrome metabólica tem classificação mais complexa podendo ocorrer mesmo em paciente sem obesidade formal pelos critérios supracitados, ainda que mais comum nos graus maiores.

O que causa obesidade?

Geralmente são apontados como causa da obesidade os maus hábitos alimentares adotados pelo indivíduo. Sendo assim, comer em excesso ou optar por alimentos muito calóricos é que provocaria o acúmulo de gordura no corpo.

Na grande maioria dos casos é um mau hábito de vida o responsável pela obesidade. A alimentação desequilibrada pode provocar essa doença, no entanto, não é o fator exclusivo. O sedentarismo, ao manter o organismo em inatividade e com baixo gasto energético, é fator de risco importante para o desenvolvimento e perpetuação da obesidade.

A obesidade não pode ser interpretada como um descuido do indivíduo com a sua própria saúde. Afinal, esse excesso de gordura corporal está associado a outras condições que também requerem tratamento. É uma doença como outra qualquer e precisa ser tratada.

Quais são os sintomas que a obesidade provoca?

A alteração da silhueta com o aumento do volume corporal é apenas um detalhe que a obesidade desencadeia. Ela traz ainda outras manifestações negativas em todo o organismo provocando limitações e desconfortos para o indivíduo. Pode ocorrer:

  • dificuldade para respirar;
  • falta de ar;
  • dores em todo o corpo, em especial nos membros inferiores, costas e ombros;
  • dificuldade para caminhar;
  • manchas escuras na pele (início de diabetes);
  • apneia do sono.

Também ocorrem alterações hormonais e problemas circulatórios, que podem levar à impotência e à infertilidade. O indivíduo tem uma suscetibilidade maior para úlceras e varizes.

O obeso tem maior incidência de tantos problemas de saúde, de depressão a enxaqueca, que sua descrição foge ao escopo deste texto

Quais são as complicações da obesidade?

No item anterior você pôde perceber que a obesidade traz diversas complicações para a saúde do indivíduo, mas elas podem ser ainda mais severas. Isso porque o acúmulo de gordura no organismo não é apenas externa, causando acúmulo de placas de colesterol nas artérias, a aterosclerose.

Esse problema é silencioso e aos poucos prejudica a circulação sanguínea, causa o endurecimento das artérias e compromete o funcionamento do coração, entre outros órgãos. Por isso, há um risco aumentado de desenvolver problemas cardíacos.

O fígado também pode acumular gordura, a esteatose, que pode levar a inflamação, a esteatohepatite.. Quando isso acontece aos poucos ele deixa de cumprir suas funções com potencial progressão para cirrose. A esteatose é hoje uma das maiores causas de falência hepática com necessidade de transplante de fígado no mundo.

O diabetes e a hipertensão arterias  são as complicações mais comuns e perigosas da obesidade.

Há uma suscetibilidade maior para o desenvolvimento de tumores malignos. As articulações ficam sobrecarregadas e há um risco aumentado de acidente vascular cerebral (AVC). A pressão arterial eleva e também os níveis de triglicerídeos no sangue.

Como a obesidade é tratada?

O tratamento da obesidade é feito inicialmente por meio de uma reeducação alimentar, a fim de adequar a dieta do indivíduo às suas necessidades orgânicas reais. Isso é associado à prática de exercícios físicos regulares, a fim de consumir as calorias acumuladas.

No entanto, como a obesidade tem uma característica específica para cada indivíduo o seu tratamento é muito personalizado. Em alguns casos, por exemplo, ela está associada à compulsão alimentar, uma condição que se relaciona tanto com alterações orgânicas hormonais quanto com problemas de ordem psicológica e psiquiátrica.

Explicamos que pode ser desencadeada por problemas endócrinos ou ser uma condição genética. Sendo assim, cada pessoa deve ser acompanhada em sua individualidade, e preferencialmente por uma equipe multidisciplinar, a fim de fazer um tratamento considerando as características de cada caso.

O especialista também pode recomendar a administração de medicamentos que melhoram os resultados do tratamento da obesidade. Em alguns casos o indivíduo é um bom candidato para realização da cirurgia bariátrica / metabólica, com melhor resultado do que o tratamento clínico quando bem indicada.

O importante é que a pessoa entenda que a obesidade é uma doença crônica que traz muitas complicações para o organismo, então, precisa ser tratada. Mas isso deve ser feito com acompanhamento médico, sem a automedicação ou dietas muito restritivas. Emagrecer é muito difícil, emagrecer sozinho é praticamente impossível.

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SOBRE O(A) AUTOR(A)
Dr. Erico Oliveira CRM SP 104310, possui título de especialista em nefrologia pela sociedade brasileira de nefrologia e é membro da Chocair Nefrologia e Clínica Médica do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
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