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O excesso de peso pode prejudicar um transplantado renal?

Tempo de leitura: 4 min.

O sobrepeso contribui para um maior risco de complicações metabólicas e cardiovasculares em pacientes transplantados. Dieta e atividade física devem ser incluídas em suas rotinas para evitar o ganho excessivo de peso e aumentar a qualidade de vida após o transplante. 

A imagem mostra quatro mãos em formato de concha e duas estão em cima de outras duas, e há uma ilustração digital do rim dentro das mãos.

A obesidade está, atualmente, entre os maiores problemas de saúde do mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde. 

Caso nenhuma ação seja tomada para diminuir esse problema, a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) estima que, em 2025, cerca de 2,3 bilhões de adultos estejam com sobrepeso e mais de 700 milhões estejam obesos.

Além de muitas outras doenças, a obesidade é uma das principais causadoras da insuficiência renal crônica. Nela, os rins perdem suas funções de maneira progressiva e irreversível.

Ao chegar na fase terminal, com perda de 85 a 90% das funções renais, o paciente pode ser elegível a um transplante de rim. 

Continue lendo para entender como o excesso de peso pode prejudicar os pacientes transplantados e quais são as precauções que precisam ser tomadas para evitar complicações.

Rins: funcionamento e importância

Responsáveis por manter o sangue livre de substâncias nocivas, os rins fazem parte do sistema urinário do corpo humano. 

Eles ficam localizados na parte dorsal do corpo, ou seja, nas costas. As suas principais funções são:

  • Filtrar e remover toxinas do corpo;
  • Ajudar a regular a pressão arterial;
  • Produzir alguns hormônios;
  • Participar na formação e na saúde dos ossos;
  • Estimular a produção de glóbulos vermelhos;

Conforme já falado, quando os rins apresentam problemas, eles começam a perder essas funções importantes e é aí que acontece a insuficiência renal crônica.

No caso das pessoas com excesso de peso, os rins precisam trabalhar mais, filtrando mais sangue do que a capacidade ideal. Isso porque o corpo tem novas exigências metabólicas para suprir o aumento de peso corporal. Com isso, os riscos de desenvolvimento da insuficiência renal crônica aumentam significativamente.

Os tratamentos para pacientes em fase terminal das funções renais podem ser feitos com:

Hemodiálise

O sangue é filtrado com a ajuda de uma máquina, retirando as toxinas e o excesso de água do organismo. 

Diálise peritoneal

O sangue é filtrado através de um cateter inserido na cavidade abdominal, por onde o líquido entra e sai. 

Transplante

Nesse caso, implanta-se um rim saudável em um paciente da doença renal crônica terminal. Esse novo rim irá desempenhar as funções que os rins doentes não conseguem desempenhar mais.

Muitas vezes, o transplante representa uma maior qualidade de vida e mais independência aos pacientes que passam pela hemodiálise ou pela diálise, já que elas precisam ser feitas de três a seis sessões por semana, com duração média de duas a quatro horas.

Transplante renal: o que é necessário saber?

Um transplante de rins pode ser feito a partir de dois tipos de doadores:

  • Doador vivo: quando uma pessoa saudável aceita doar um de seus rins para um familiar de até quarto grau. Nesse caso, pode ser pai, mãe, irmãos, filhos, avós, netos, tios, sobrinhos, esposo ou esposa.
  • Doador falecido: quando uma pessoa, doadora de órgãos, é constatada com morte cerebral, seus órgãos são destinados às pessoas que estão aguardando na fila de espera para transplante. 

Após todos os exames e consultas preparatórias, o paciente é internado e a cirurgia é feita. 

Como o excesso de peso pode prejudicar um transplantado renal?

O sobrepeso já pode ser prejudicial ao paciente nos momentos após o procedimento cirúrgico, pois aumenta o risco de complicações pós operatórias.

Outra possível complicação aos pacientes transplantados é o aparecimento de doenças metabólicas e cardiovasculares. No caso daqueles com sobrepeso, esse risco aumenta, sendo até trinta vezes maior o risco de morte por doença cardiovascular.

Com um rim funcional, muitas das restrições da dieta que ocorriam durante a fase da diálise deixam de ser necessárias. Além disso, os remédios utilizados podem causar um aumento do apetite. Por isso, nessa fase, não é raro acontecer, naturalmente, o aumento de peso.

Caso o paciente já esteja com alguns quilos acima do previsto, o risco de diabetes mellitus e pressão alta aumentam, assim como a elevação das taxas de colesterol, triglicérides e ácido úrico.

Ao longo prazo, essas complicações podem prejudicar novamente o rim transplantado. Se não cuidadas a tempo, todo o processo do transplante será em vão e o paciente voltará à estaca zero: com as funções renais perdidas e dependente da hemodiálise ou diálise.

Dessa forma, incluir atividades físicas na rotina pós transplante é essencial. Mas, lembre-se que ela só pode começar após três meses do procedimento cirúrgico e são necessários alguns cuidados especiais, como:

  • Não levantar, empurrar ou puxar objetos muito pesados nas primeiras semanas da prática física;
  • Evitar esportes de contato físico extremo, como lutas, futebol, basquete, etc. 
  • É contraindicado deitar-se ou levantar-se bruscamente;
  • Em caso de falta de ar, é recomendado parar o exercício e consultar o médico para orientação.

Bicicleta, caminhada e natação são ótimos exemplos de exercícios para o período após a cicatrização. 

Se você conhece alguém que irá passar pelo transplante renal, compartilhe esse texto com ela!

SOBRE O(A) AUTOR(A)
Dra. Luciana Nardotto CRM SP 139169, possui experiência na área de Clínica Médica, Nefrologia e é membro da Chocair Nefrologia e Clínica Médica do Hospital Alemão Oswaldo Cruz desde 2020.
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